domingo, 15 de setembro de 2013

Sobre ecos


Guardei teu nome comigo, querida.
Guardei-o por egoísmo,
para não vê-lo destruir-se
em outras bocas.

Guardei-o por tantos anos,
que se tornou apenas sussurro,
um lamento agudo
recitado em voz grave
                                                           [no fundo da mente.

Guardei o teu nome sem poder:
roubei-o para mim.
Às escuras, ainda sinto sua presença
a rondar-me espantoso.

E o teu nome, querida,
tornou-se agrura. Cruas,
as letras que antes o compunham
desmancharam-se:

- Como papel molhado.

Teu nome é meu bem
mais precioso,
que resiste aos suspiros
e às lembranças cruéis
da pronúncia.

Como se diz?
Já não sei. Agora,
é eco o que sinto
[ao ouvi-lo.